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3 de outubro de 2019

O Controle Ambiental na Mineração

Desde o período colonial, o setor mineral tem importância fundamental na economia brasileira. Devido às suas características – disponibilidade de recursos naturais, vasto território e geologia favorável, o país tem vocação para a atividade. Depois de passar por diversas fases, atualmente o grande desafio nacional na área é o controle ambiental na mineração.

Além de contribuir com 25% do saldo comercial brasileiro, segundo informações do Ministério de Minas e Energia, o setor mineral tem destaque no mercado de trabalho nacional. O Brasil possui cerca de 10 mil minas que geram 180 mil empregos diretos e mais de 2,2 milhões de ocupações indiretas.

Os efeitos das tragédias

No entanto, a atividade é vista com reserva pela sociedade brasileira. O fato está relacionado à ocorrência de duas tragédias recentes de rompimento de barragens em Minas Gerais. Infelizmente, o ocorrido no mais importante estado minerador do país causou graves consequências.

Para evitar novos acidentes e reduzir os impactos da operação, o controle ambiental na mineração é, atualmente, o principal desafio do setor. Neste artigo, pretendemos falar sobre esses obstáculos e sobre quais tecnologias e regulamentações devem ser adotadas para garantir a adequação ambiental.

Impacto negativo para setor

Os episódios de Mariana (2015) e Brumadinho (2019) deixaram profundas marcas e instauraram um panorama bastante pessimista para o setor mineral brasileiro. Os desastres provocaram uma grande tragédia humana e ambiental e prejudicaram a economia da região afetada.

Além de tornar mais delicada a relação com as comunidades próximas a empreendimentos minerais, os acidentes provocaram outros efeitos para a mineração como um todo. Entre eles, os rompimentos contribuíram para a afirmação da reputação negativa perante a população do país. Além disso, também prejudicaram a imagem do Brasil no exterior.

De acordo com especialistas, depois dos últimos acontecimentos o setor precisa se reinventar. Essa revisão deve passar por toda a cadeia produtiva do setor, com reavaliação da legislação e dos equipamentos utilizados e maiores investimentos em novas tecnologias e no controle ambiental na mineração.

Desafios a serem enfrentados após acidentes

O setor mineral trabalha com grandes operações e movimenta uma enorme quantidade de carga. Soma-se a isso, o fato de, juntamente à metalurgia, a mineração ser considerada uma atividade de elevado impacto ambiental e apresentar riscos para regiões e populações.

Um dos maiores desafios enfrentados pelos empreendedores atualmente é a questão dos rejeitos. É preciso, com urgência, encontrar mecanismos mais eficientes de deposição e monitoramento para, justamente, reduzir efeitos negativos, aumentar a segurança e diminuir o risco de tragédias.

A promoção de maior sustentabilidade na operação e um maior controle ambiental deve ser uma das principais preocupações do setor hoje. Nesse contexto, a necessidade de reduzir impactos sociais e ambientais passa, sem dúvida, pelo desenvolvimento e adoção de novas tecnologias.

A tecnologia de construção empregada atualmente por parte das mineradoras, por exemplo, já se mostrou inadequada e demanda revisão. O alteamento a montante, utilizado nos dois casos recentes de rompimento, está presente em muitas barragens construídas há algumas décadas em Minas Gerais e também em outros estados do país.

Como garantir o controle ambiental na mineração?

Evitar novas tragédias, investir no controle ambiental na mineração e buscar por sustentabilidade devem estar no centro da gestão no setor. É verdade que a questão ambiental já vem merecendo atenção especial nos últimos anos, mas é preciso fazer ainda mais.

Países como o Canadá já estão seguindo parâmetros mais rígidos de segurança na construção de novas barragens. A tendência é que por aqui também haja, com o passar do tempo, uma revisão maior da regulamentação para novos licenciamentos ambientais.

Nos empreendimentos já existentes, é necessário, sim, se adequar à legislação atual, contabilizar passivos e se comprometer a resolvê-los. Ações de reflorestamento e educação ambiental – que vêm sendo feitas por mineradoras brasileiras – são importantes, porém não suficientes.

No que as empresas devem investir?

As empresas devem investir em uma abordagem técnica que integre alternativas sustentáveis de extração, tecnologias de aprimoramento das atividades e cumprimento da regulamentação acerca do tema. A agenda de sustentabilidade e controle ambiental na mineração contempla várias frentes de atuação. Fontes de energia renováveis, como a eólica, a biomassa e a energia solar, são alternativas que já vêm sendo adotadas para redução das emissões de gases de efeito estufa.

Outras atitudes passam pela busca por soluções para minimizar o volume de material movimentado nas minas e de efluentes não aproveitados e diminuição do consumo de água. A atenção aos riscos decorrentes dos processos de beneficiamento e deposição de rejeitos e a redução da concentração dos minérios lavrados também precisam de atenção especial.

Tecnologia é grande aliada em um futuro promissor

Com o intuito de possibilitar melhorias relacionadas a esses fatores, o setor vive um momento de investimento em pesquisa, desenvolvimento e difusão de novas tecnologias e processos. Esforços vêm sendo feitos com o objetivo de eliminar o uso de barragens, encontrar processos de concentração sem adição de água e mecanismos mais seguros de deposição de rejeitos.

Além disso, a busca pela redução de riscos e por um maior controle ambiental na mineração envolve também a utilização de softwares de monitoramento. Com essas ferramentas, pretende-se identificar e alertar acerca de eventuais movimentos, mensurar e analisar dados e processos em tempo real e integrar sistemas de controle e automação.

É importante notar que a inovação não traz apenas mais segurança à operação e redução de impactos socioambientais da mineração. A tecnologia tem grande potencial para oportunizar também ganhos de produtividade e eficiência das minas. Somente dessa forma o setor poderá superar a estagnação e se reinventar no país.

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